A garotinha vai à frente da turma, faz uns gestos com as mãos e depois explica: “Eu disse bem-vindos à nossa escola”. A menina chama-se Rafaella Gil Maçaneiro, e está na turma do 2° ano C, da Escola Municipal CEI Professor Antônio Pietruza, no Tatuquara.
PARANÁ – Ela e outras crianças, que tem entre 7 e oito anos de idade, estão aprendendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras), para ajudar a integrar a família do coleguinha Asafe Ambrósio Albano, cujos pais são surdos.
Agenda em branco
A iniciativa do projeto é da professora Aretha Mariana da Silveira Braz. “Eu percebi que a agenda do Asafe sempre vinha sem assinatura e fui saber por que isso acontecia”, explicou Aretha.
Ciente da situação, a professora começou a pesquisar formas para promover a integração desta família à comunidade escolar. Ela encontrou o aplicativo para smartphones Hand Talk que ensina a língua dos sinais e desenvolveu o projeto chamado Momento Libras para ser aplicado em sala de aula.
“Mandamos fazer o boneco Hugo, que até então só existia no mundo virtual, para facilitar a compreensão das crianças acerca da novidade que era o alfabeto em libras”, explicou.
Mãe parabeniza professora
O esforço foi recompensado. A mãe de Asafe enviou uma mensagem à professora, através da filha de 11 anos, que é intérprete de libras, parabenizando pela iniciativa do projeto.
“Muito legal, você é a melhor que eu já vi. O Asafe nunca se interessou por libras, mas você conseguiu. Você é incrível!”, disse Celi Ambrósio.
Depois do Momento Libras, o pai de Asafe visitou a escola pela primeira vez para visitar uma exposição sobre língua dos sinais. “Ele ficou emocionado quando viu que os alunos estavam falando com ele libras”, disse Aretha.
Inclusão e tecnologia
Para a pedagoga Miriã Pereira, este é um exemplo de proatividade muito bem-sucedido. “O projeto tem a proposta de inclusão, trazendo os pais do estudante para dentro da escola, usando tecnologia, enriquecendo o aprendizado das crianças”, disse.
Para desenvolver o projeto, a professora contou com a apoio da direção da escola do Núcleo de Educação do Tatuquara, através da articuladora Juliana Luchtenberg.
O exemplo arrasta
Ao ver a turma toda aprendendo libras, o garoto se sentiu motivado a assimilar a língua dos sinais. “Hoje eu ensinar uma palavra: porta”, disse, usando as mãozinhas.
A professora Aretha disse que começou ensinando expressões simples, como “Olá”, mas hoje os pequenos já conseguem formar frases.
“Começou o Momento Libras”, disse a menina Rafaella Gil Maçaneiro E Hosana Moraes Teodoro usou os sinais para dizer: “Tudo bem com você? Meu nome é Hosana”.
Lição de casa
Além de 10 minutos diários de prática de libras, a cada dia, um dos alunos leva o boneco para casa e o caderno do Momento Libras. Os pais são convidados a responder uma pergunta relativa a libras.
Além de promover a maior integração entre a turma, o ensino de libras está ajudando os estudantes no aprendizado em geral. “Tinha alguns deles que não reconheciam certas letras do alfabeto e agora conseguiram aprender através do estudo de libras”, disse a professora.
Terezinha Lipka, que é co regente da turma, relata que é contagiante ver a empolgação das crianças. “Eles se comunicam com os pais do Asefe. Agora não tem mais barreiras”, finalizou.
Fonte: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/turma-aprende-lingua-de-sinais-para-integrar-pais-de-estudante-a-escola/53259