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Surdos criticam a falta de sessão legendada em português, no Cine Araújo de Rio Branco, nas exibições do filme mais aguardado do ano. Empresa alega que há um comunicado ao lado das bilheterias com orientações para baixarem app e ter acesso às legendas e áudios.

Deficientes auditivos têm criticado a falta de acessibilidade nas sessões do Cine Araújo, único cinema de Rio Branco. A reclamação inclui a falta de sessão legendada no filme ‘Divertida Mente 2’, produção de maior bilheteria do ano, e o horário do filme legendado no cinema.

A empresa disse ao g1 que há aplicativos gratuitos que fornecem recursos de acessibilidade durante as sessões. (Confira a nota abaixo na íntegra)

Divertida Mente 2, uma das mais produções mais aguardadas, estreou no cinema no último dia 20 de junho e está disponível em 15 sessões no Cine Araújo. Porém, em nenhuma delas o filme é legendado. O que fornece este recurso é o suspense ‘Um Lugar Silencioso: Dia Um’, exibido às 22h.

A jornalista Golbyleni Pullig levou a filha com deficiência auditiva para assistir Divertida Mente 2 nesta sexta-feira (28) e precisou traduzir as cenas para a filha para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Ela destaca que, apesar de muitos avanços e conquistas que contemplam os direitos de pessoas com deficiência, ainda existem muitas brechas que inviabilizam o acesso dessas pessoas a garantias legais previstas na Constituição, como o direito de ir e vir, à saúde, educação e lazer.

“No caso das pessoas com deficiência auditiva, a falta de acessibilidade está na ausência de intérpretes em eventos simples e nos cinemas, cuja recomendação do Ministério Público não está sendo atendida. Existem no Brasil mais de 10 milhões de surdos representando 5% da população. Por que eles ainda estão invisibilizados? Minha indignação parte do simples fato de minha filha e seus amigos surdos não poderem assistir o filme mais esperado do ano porque o Cine Araújo não disponibiliza uma sessão legendada”, pontuou.

O estudante Matheus Costa, de 23 anos, disse que tentou assistir a animação com a mãe na última quarta-feira (26), não encontrou sessão legendada e voltou para casa. Matheus é surdo com perda profunda bilateral. “Fiquei muito decepcionado quando observei que não tinha nenhuma sessão legendada. Muitas vezes desisto de ir ao cinema. É muito frustrante e injusto”, comentou.

A autônoma Sandy Ferreira de Souza, de 25 anos, também criticou o horário disponível da única sessão com legenda. “Tem que ir cinema 22h e nem é sempre que tem legenda. Uma vez cheguei lá no shopping e pedi para a atendente colocar legenda no filme e ela falou não tinha. Isso me deixou muito triste, nos queremos assistir qualquer hora mas importante ter legenda”, lamentou.

A jovem destaca ainda que muitos surdos, assim como ela, deixam de ir ao cinema por falta de acessibilidade. Sobre o horário da sessão legendada, Sandy diz que o filme termina muito tarde e nem todas as pessoas têm transporte próprio para retornar para casa.

“Não têm respeito por nós. Não nos comunicam, precisamos muito da legenda porque tem surdos que não têm carro pra ir no shopping 10 horas da noite. A sessão acaba muito tarde, isso é um absurdo. Nós precisamos ter legenda nos filmes”, criticou.

Comunicado ao lado das bilheterias

Ao g1, o Cine Araújo informou que ao lado das bilheterias há um informativo com orientações às pessoas com deficiência visual e auditiva a assistir os filmes com audiodescrição, legendas e Libras por meio da instalação de um aplicativo de celular que pode ser baixado gratuitamente nas lojas de app.

“Contate com antecedência adequada os nossos atendentes para instruções de instalação e uso para evitar quaisquer atrasos”, diz parte do comunicado.

O g1 questionou se Matheus, Sandy e a jornalista Golby já tiveram acesso ao aplicativo de acessibilidade indicado pela administração do cinema e todos disseram que nunca viram o comunicado nas bilheterias.

Acessibilidade

Em 2010, O Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC) recomendou que os cinemas do Acre disponibilizassem pelo menos uma sessão com legendas em português nos filmes. A ideia era garantir a acessibilidade de deficientes auditivos.

Na época, o órgão federal destacou que os cinemas acreanos exibiam apenas filmes dublados, sem legendas e com áudio muito baixo, o que dificultava a inclusão de pessoas com deficiência audiovisual.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, prevê que seja disponibilizada acessibidade para os deficientes visuais e auditivos nos cinemas.

Em 2013, a Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Acre (OAB/AC) recomendou que Cine Araújo garantisse a acessibilidade dos deficientes auditivos às sessões. Na época, a coordenação de fiscalização da comissão já exigia que fosse ofertado pelo menos uma sessão legendada de cada filme em cartaz.

Fonte: G1

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