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Janaína Iwanagai tem deficiência que compromete os sentidos da visão e da audição e utiliza língua de sinais tátil para se comunicar e comemora graduação. Mãe fala sobre orgulho de conquistas da filha: ‘Estive com ela em todos os momentos’.

Janaína Iwanaga acabou de concluir o curso de pedagogia em uma faculdade particular de Jaboticabal (SP) e lembra com emoção toda ajuda que encontrou no caminho até a graduação. Ela tem surdocegueira, deficiência que compromete os sentidos da visão e da audição e utiliza a língua de sinais tátil para se comunicar. Ela sabe que, se não fosse o apoio que teve desde o começo, dificilmente conseguiria chegar onde chegou.

Veja o vídeo da reportagem

Dos pais aos professores e, principalmente, a intérprete, que esteve com ela durante todo o curso, Janaína faz questão de agradecer quem esteve ao lado dela em uma das conquistas mais importantes da vida dela e deseja retribuir, ensinando agora pessoas com a mesma deficiência dela.

“Ser surdocego é muito difícil, é preciso muito aprendizado, muito estudo, e condições de acessibilidade necessárias para inclusão. Agradeço, porque aprendi a andar pelos caminhos [da faculdade], sempre com muitas dificuldades, porque não era fácil, mas agradeço muito de coração a todos. No futuro eu espero ensinar tudo aquilo que aprendi”.

Mãe da pedagoga, Ana Maria se enche de orgulho ao ver onde a filha chegou.

Ver a garra que ela tem para conseguir o que ela quer, o que ela deseja. Ela falou que queria fazer pedagogia, lutou, está aqui hoje e nosso orgulho é ver essa conquista dela. Eu estava com ela em todos os momentos, trazer pra cá [para a faculdade], vir buscar. Não tenho estudo, mas no que podia ajudar, estava ali com ela pra tudo. E sempre vou estar”.

Desejo de ensinar pessoas surdocegas

À EPTV, afiliada da TV Globo, Janaína contou que sempre quis fazer pedagogia para pode ensinar pessoas surdocegas. A ideia, segundo a agora professora, é romper barreiras e mostrar quão longe eles podem chegar.

“Pensam que a realidade da pessoa surdocega, às vezes, é ficar em casa e não, não é. Ela pode ter a oportunidade de aprender e continuar, então eu quero estar junto nesse processo pra poder incentivar, porque é importante continuar”.

Professora-orientadora, Daiane Venteu esteve com Janaína em todo o processo de graduação e fala com emoção do desenvolvimento da estudante ao longo do curso.

“Acredito que aprendi tanto quanto ensinei. Porque a convivência com uma pessoa que tem tanta força de vontade pra continuar vivendo, apesar das dificuldades, sempre incentiva a gente a continuar também”.

Ela conta que desenvolveu um mapa tátil para que Janaína conseguisse caminhar pela faculdade com mais autonomia e acompanhou todos os passos do começo ao fim.

“Ela chegava no espaço da faculdade e não sabia bem como se locomover, então a gente faz um mapa para que ela pudesse saber ‘minha sala fica aqui, o banheiro aqui, a cantina aqui’, ia tateando os espaços, para que pudesse fazer isso com autonomia. A gente treinou por muito tempo até que ela chegou pra mim e disse ‘agora eu vou sozinha’. Fiquei com medo, e ela falou ‘eu preciso tentar, foi pra isso que aprendi, foi pra isso que lutei, pra poder fazer sozinha'”.

Incluir é fundamental

Diretora-presidente da faculdade, Gislene Martins Duarte fala que não mediu esforços para que o prédio fosse acessivo e inclusivo em todos os aspectos, não só para Janaína, mas também para os próximos estudantes que possam chegar.

“A gente não tem só nosso prédio todo adaptado para acessibilidade. Temos professores preparados para inclusão, temos na nossa grade curricular disciplinas que preparam para a inclusão, projetos políticos pedagógicos que abraçam a inclusão”.

Para ela, incluir é fundamental. “Nós, como educadores, temos o maior ato que existe de amor à humanidade, que é educar e você não educa ninguém sem incluir. E educação tem de ser para todos, não tem como não inserir a pessoa com deficiência”.

Fonte: G1

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