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Iniciativa contribuiu para a recuperação emocional, proporcionando comunicação eficiente e cuidados integrados durante o tratamento

Expressar o que está sentindo e ouvir explicações sobre o quadro clínico são fundamentais tanto para um paciente internado quanto para a equipe multidisciplinar responsável pelo tratamento. Para um paciente com deficiência auditiva ou de fala, ou ambas, essa comunicação, primordial para uma visão holística, é prejudicada, podendo retardar resultados e impactar o emocional.

Isso acontecia com Luiz Antônio dos Santos, 53 anos, que foi encaminhado à Santa Casa de Araçatuba (SP) em 19 de novembro, pelo pronto-socorro municipal. Ele apresentava quadro grave, com situação clínica a ser investigada, e precisou ser intubado devido a um desconforto respiratório.

Segundo a enfermeira Ariadne Zanchetta, responsável técnica pelo Setor de Enfermagem do hospital, os exames mostraram que se tratava de um quadro de insuficiência renal aguda. “Ele passou a ser tratado pela equipe de Nefrologia, que indicou a necessidade de colocação de cateter para realização de hemodiálise” , conta.

Ainda de acordo com ela, após a extubação, o paciente se manteve agitado por muito mais tempo do que normalmente ocorre após a retirada dos instrumentos da ventilação mecânica. Como Santos é pessoa com deficiência auditiva e de fala, a equipe de enfermagem não conseguia estabelecer a interação necessária para ajudar na estabilização emocional dele.

Libras

Durante o tratamento, a coordenadora da Unidade de Internação 2-A, enfermeira Joice Tatiana Bortoletti, lembrou que a técnica de enfermagem Nathalia Oliveira Caldas, que trabalha na Santa Casa de Araçatuba desde 2014, é intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais).

Ela foi procurada e intermediou a comunicação entre o paciente e a equipe multidisciplinar. Segundo o hospital, a especialista na língua de sinais atualmente atua no Serviço de Hemodinâmica. Há 20 anos, ela fez o curso de Libras, em Ribeirão Preto, e há 7 anos atua no Ministério de Libras da Igreja Amor e Cuidado.

“Naquele primeiro contato, o paciente estava ansioso porque queria entender o que estava acontecendo, o que ele tinha e por que precisaria continuar internado” , contou Nathalia à assessoria de imprensa do hospital.

Hemodiálise

Através dos sinais, ela explicou ao paciente que, por causa da insuficiência renal crônica, ele precisaria fazer hemodiálise a cada três dias, mas, por falta de vagas no Hospital do Rim, teria de permanecer internado para garantir a realização das sessões. “Ele ficou mais aliviado com as explicações e confortável para pedir comida: arroz, feijão, carne e frango ”, detalha Nathália.

De acordo com ela, esse primeiro contato fez bem ao paciente e, para tentar ajudar na comunicação com ele, a equipe de enfermagem responsável pelo setor aprendeu sinais básicos de Libras para identificar quando ele estiver com dor, fome, sede, tristeza, entre outras situações.

Ajudar na acessibilidade e inclusão desse paciente no ambiente hospitalar foi muito gratificante. Ele pôde entender que, para voltar para casa bem, precisaria permanecer internado por mais tempo” , afirma a técnica de enfermagem.

Nathalia está a poucos dias de concluir o curso de Enfermagem e ficou gratificada pela oportunidade de realizar, em seu ambiente profissional, uma atividade que já desempenha na igreja onde congrega. “Cuidar faz bem” , completa.

Capacitação

Segundo a Santa Casa, essa foi a primeira vez que um paciente com deficiência de fala e audição foi atendido por meio de interpretação em Libras. E, dependendo da Responsável Técnica do Setor de Enfermagem, a experiência de Nathália com Santos terá mais desdobramentos. “Isso trouxe para nós a necessidade de capacitar os profissionais de enfermagem para atuarem em outras situações como essa” , conta.

De acordo com o que foi divulgado, a especialista na língua de sinais Caldas foi convidada para ministrar um treinamento à equipe de enfermagem. “Essa capacitação contribuirá para atingirmos uma visão holística dos pacientes com essas deficiências ”, informa Ariadne.

Para ela, o ocorrido com esse paciente não foi um mero acaso. “Sinto que isso é um chamado de Deus para garantir aos pacientes algo a mais que medicações e outros cuidados de assistência. Quando está internado, na maioria dos casos, o paciente só tem a equipe de enfermagem ao seu alcance. Conseguir dar a esse paciente os cuidados que suas emoções e necessidades humanas requerem é muito gratificante” , finaliza.

Fonte: Hoje Mais

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