Laís Amorim e Victor Pascoalini foram os intérpretes da festa neste ano e trabalharam pela comunidade surda durante os seis dias do evento.
Os mais atentos puderam notar desde o primeiro dia da 35ª Festa do Peão de Americana os interpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos telões. Ao redor da arena, um container com janelas de vidro despertava a curiosidade e ali era possível ver Laís Amorim e Victor Pascoalini, os responsáveis pelo trabalho de inclusão que aconteceu na festa pela primeira vez.
Especialmente durante os shows, o trabalho era digno de admiração pela eficiência, dedicação e carisma ao traduzir para a comunidade surda tudo o que se passava no evento.
Laís tem 22 anos e, ao falar sobre o que é sua profissão, refere-se como sua primeira língua.
“Eu tenho uma irmã [surda] que é apenas um ano e meio mais velha que eu, então desde que eu nasci precisei aprender Libras para me comunicar com ela. Para mim sempre foi natural, eu só fui notar que essa inclusão da forma como deveria não era aplicada, quando passei a ser a única da turma na escola que sabia Libras, ou então quando passávamos algum perrengue”, conta.
Ela relata que a mãe, professora, também acabou se voltando ao exercício da inclusão e ajuda de pessoas com deficiência.
“Minha mãe é professora de educação especial, tem muita dedicação e estudo na área dela. Quando, por uma coincidência, eu precisei cobrir um profissional intérprete em um evento onde eu era a única que sabia Libras, eu percebi que precisava estudar muito além da conversação e resolvi me dedicar para virar profissional”, disse.
Já Victor tem 25 anos e a linguagem inclusiva apareceu de uma forma inesperada, através de trabalhos voluntários para a igreja.
“Tudo começou na comunidade que eu frequentava e acabei percebendo que além da inclusão, eu acho incrível poder em comunicar sem usar a voz”, afirma.
Por cada vez mais inclusão
Para os dois jovens, a importância da língua de sinais em um evento do porte da Festa do Peão de Americana é justamente a conscientização, divulgação e, claro, inclusão da comunidade surda em todos os tipos de locais e também nas atividades de entretenimento.
“Eu quero que esse tipo de trabalho chegue a cada vez mais eventos grandiosos. Acabei de voltar do João Rock, onde interpretei e isso é fantástico. Se a gente for analisar, já evoluímos muito a divulgação do nosso trabalho é essencial para a conscientização de todos”, destacou Laís.
“Eu quero crescer profissionalmente nessa área que é minha grande paixão, mas nada me deixa mais motivado do que entender que vivo um verdadeiro propósito pela inclusão da comunidade surda e o direito dela ocupar todos os espaços com dignidade”, reforçou Victor.
Projeto de lei
Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, dispõe sobre a presença de intérprete de Libras nas exibições de eventos públicos e privados artísticos, culturais ou sociais. Ele ainda deve passar por apreciação em plenário.
Fonte: G1