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A implementação de um plano de ensino escolar especial e individualizado permitiu que um aluno portador de surdocegueira fosse inserido no ambiente escolar e social de forma leve e dinâmica em Jundiaí.

O projeto, idealizado em 2017 pela professora intérprete da Escola Municipal “Antônio Pádua Giaretta”, Valdinéia Nascimento, mudou a forma como Gustavo Henrique Machado, de 12 anos, interage em casa e desenvolve as atividades com Língua Brasileira Tátil (ou Libras Táteis) com o braile. Inspirada na história de vida, ela até escreveu um livro para ajudar outros alunos a serem incluídos nas escolas.

egundo a mãe dele, Jéssica Gonçalves, Gustavo é portador da Síndrome de Peters. Ela conta que o menino perdeu a visão com alguns meses de vida. Já a perda auditiva foi descoberta quando ele tinha aproximadamente 6 meses e foi preciso realizar um implante coclear.

A necessidade da inclusão surgiu quando ficou visível que o aluno não se misturava com os outros. De acordo com Valdinéia, o começo na escola não foi nada fácil para ele. “Antes, o Gustavo ficava apenas na biblioteca da escola, querendo ir embora. Ele não se desenvolvia e não permitia ser tocado, reagindo com socos e beliscões, se machucando e machucando a equipe. Não era possível desenvolver nenhuma proposta pedagógica com ele”, conta.

Ajuda
Com a insistência dos profissionais, o aluno foi levado à sala de aula, porém ainda com dificuldades. “Ele não se sentava, permanecia em pé. Aos poucos, fomos acalmando-no e mostrando os amigos a ele pelo toque, que não havia perigo, e ele foi confiando em nós”, explica.

Ao todo, levou cerca de um ano e meio para que o aluno reproduzisse os primeiros sinais de Libras Táteis. A partir daí, foram colocadas em prática atividades de autonomia, conquistas sociais, aprendizado e interação com outros alunos.

“Levamos ao jardim da escola na matéria de ciências para ele conhecer as plantas e as árvores. Também como forma de ir além dos portões da escola, uma vez por semana vamos até um supermercado próximo e escolhemos laranjas juntos. A fruta é transformada em suco e o aluno ajuda na produção, compreendendo o mundo externo”, explica a professora.

A mãe do menino afirma também que a mudança foi percebida dentro e fora da escola. “Hoje, o Gustavo brinca e interage com os colegas. Em casa, tentamos que ele seja o máximo possível independente. Ele toma banho, utiliza o banheiro, se troca, escolhe seus alimentos e se locomove pela casa necessitando de pouco ou nenhum auxílio.”

“Nosso amor por ele é maior que todas as barreiras. Hoje vemos que toda as lutas não foram em vão. Isso tudo só foi possível após um trabalho de dedicação e persistência”, comenta a mãe.

Em entrevista, a diretora da escola, Andreia Tonholo, conta que o trabalho foi gradual, mas muito recompensador. “Foi um trabalho de busca, de acertos e de erros, mas de uma rica aprendizagem para todos. Para esse trabalho tivemos a colaboração de pessoas que, como nós, acreditavam que era possível”, diz.

Criação do livro
Conforme Gustavo evoluía, a professora Valdinéia registrava os avanços e pequenas vitórias em uma espécie de diário, que deu origem ao livro “Descobrindo um Mundo Diferente”, lançado no último dia 14 de novembro, na Biblioteca Municipal de Jundiaí. “Neste livro, uma criança narra como é estudar com um amiguinho surdocego, o que é a surdocegueira, o que é braile, o que é um piso tátil, como o Gustavo aprende, entre outros”, conta.

“Foi na escola que o Gustavo construiu amizades e aprendeu a se relacionar com outras crianças e adultos. Antes ele tinha bastante medo do contato com o outro, hoje ele brinca e interage com os colegas. Isso tudo só foi possível após um trabalho de dedicação e persistência, sou muito grata a todos”, comenta a mãe.

Fonte: https://tvtecjundiai.com.br/news/2019/12/03/professora-de-jundiai-escreve-livro-sobre-inclusao-de-aluno-surdo-cego/

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