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Na última sexta-feira (17), os mais de 4 mil aprovados no Vestibular 2025 da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fizeram a festa no banho de lama.

O evento já é tradicional, mas neste ano foi ainda mais especial: a celebração, pela primeira vez, contou também com os aprovados no curso de Letras Libras e com os migrantes e refugiados aprovados em processo específico. 

A participação dos dois grupos no banho de lama foi construída em conjunto com os responsáveis pelos processos seletivos e com a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe). De acordo com a pró-reitora Megg Rayara Gomes de Oliveira, a ideia era que estes grupos também passassem por esse “rito de passagem” e se sentissem parte da universidade.

“É fundamental que esse ritual aconteça de uma forma muito calorosa, acolhedora e amorosa. É importante também para educar a universidade, que entenda a importância da presença dessas pessoas no seu corpo discente”, afirmou.

“Agora, vamos nos sentir parte da sociedade”

O curso de Licenciatura Letras-Libras da UFPR, criado em 2015, é um dos poucos oferecidos em universidades públicas do Brasil. Anualmente, 30 vagas são ofertadas por meio de um edital específico, distinto do vestibular tradicional da instituição. Nos últimos anos, o número de calouros do curso tem aumentado significativamente: em 2022, foram 4 ingressantes; em 2023, 16; em 2024, 17; e, em 2025, 27 novos alunos foram aprovados.

O professor Daltro Da Silva, que é professor do curso, destacou a importância da participação no banho de lama para a visibilidade do curso e da Língua de Sinais. “Estamos aqui pela primeira vez no banho de lama. E isso é fundamental, porque quando o curso de Letras Libras se junta aos demais cursos, ele ganha visibilidade, e, principalmente, a Língua de Sinais também ganha espaço”, afirmou o docente.

O evento se mostrou ainda mais significativo para o acolhimento e inclusão dos calouros, especialmente para o público surdo. “Parece que fui abraçado. Agora sinto que não sou mais excluído, como pensava antes. Sou professor surdo, então imagine como um aluno surdo se sentia. Agora, vamos nos sentir parte da sociedade”, completou o professor Daltro, destacando a importância simbólica do momento.

A secretária do curso, Mariah Araújo, que esteve presente no evento, destaca que há algumas dificuldades dos surdos em completar o processo de ingresso. “Esse ano a gente fez um grupo e ficou o tempo todo avisando sobre os processos do vestibular até a matrícula, porque todos os anos os surdos não conseguem entregar todas as documentações, então para facilitar esse processo, fizemos também alguns ajustes na documentação”, completa.

Momento histórico e representativo

Para os calouros, o banho de lama representa uma oportunidade única de se integrar à universidade e ao seu curso de forma mais ampla. “Só o fato de saber que somos a primeira turma de Letras Libras a participar desse evento já é extremamente gratificante. O mínimo que posso fazer é aproveitar ao máximo e representar nosso curso, levando a Libras para que as pessoas possam conhecer e entender o que é”, afirmou Daniel Custódio, um dos calouros do curso de Letras – Libras, natural de São Paulo.

Daniel revelou que sua escolha por Letras Libras teve uma motivação pessoal e afetiva: “Eu vinha de um momento em que precisava muito de alguém para conversar, e foi quando conheci o Nicolas, um amigo surdo. Ele não tinha muitos amigos, e eu não sabia que, ao me aproximar dele, estaria ouvindo pelos olhos, não pelos ouvidos. No final, encontrei não só um grande amigo, mas também minha profissão. Hoje sou intérprete de Libras e passei na UFPR”, contou emocionado.

Fonte: UFPR

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