Morador de Sorocaba (SP) passou por dificuldades na comunicação com a máscara convencional. Peça possui detalhe transparente que permite a visualização da boca.
Em tempos de pandemia, o uso de máscaras se tornou parte do chamado “novo normal”. Mas, para pessoas surdas, a adaptação da proteção facial ao cotidiano gerou inúmeras dificuldades na comunicação através da leitura labial.
Desde o início da obrigatoriedade na utilização das máscaras, a vida do almoxarife Caíque Morais, de Sorocaba (SP), tem sido difícil. A comunicação com pessoas que não sabem a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi comprometida e, em situações do cotidiano, as dificuldades apareceram.
“Trabalho com maquinário pesado. Com a utilização da máscara, fica complicado entender os colegas sem a leitura labial”, lamenta.
Paula Bianco, esposa de Caíque, compartilha das mesmas dificuldades. Eles se comunicam por Libras, mas, em algumas situações, passam por dificuldades.
“Nas idas ao mercado, precisamos nos comunicar por Libras, mas também precisamos carregar o bebê no colo e segurar sacolas. Isso dificultava a comunicação e a leitura labial era a solução. Com as máscaras, a comunicação ficou prejudicada”, explica.
Com tantas dificuldades na comunicação, a ligação de Caíque com a fonoaudióloga Priscila Sanches de Almeida foi fundamental. Ela é mãe da pequena costureira Maria Luisa Almeida Lopez, de apenas 10 anos, que produz máscaras de pano para doação.
Ao G1, Priscila conta que já conhecia o engenheiro. “Eu fui fonoaudióloga do Caíque e ele me mandou uma mensagem pedindo para a Malu fazer a máscara com o visor da boca. Eu fui atrás do material e ela criou o modelo e produziu”, explica.
Priscila explica que criar a máscara adaptada para leitura labial foi um desafio para a pequena e ela não hesitou em ajudar Caíque. “Costurar, para ela, é como uma brincadeira. Ela ama criar e agora estamos doando as máscaras adaptadas para as pessoas que nos pedem”, conta.
Segundo Maria Luisa, ajudar ao próximo é motivo de orgulho, ainda mais quando envolve a sua maior paixão: a costura.
“Eu amo costurar e fico muito feliz em ajudar as pessoas surdas e deficientes auditivas a conversarem usando a máscara”, conta.
Para a pequena costureira, a máscara adaptada relembra o sentimento de alegria das pessoas, que não podem mais expressar a felicidade através da proteção facial. “Com esta máscara, eu posso ver as pessoas sorrindo. Eu não sabia que as pessoas iam ficar felizes usando essa mascara.”
Para Caíque, a utilização da máscara ajudou a superar a dificuldade na comunicação com a esposa. “Agora eu posso ler os lábios dela e me comunicar bem. Em outros casos, a pessoa tira a máscara para que eu possa ver a boca e tem o perigo de contaminação”, explica.
Caíque não esconde a gratidão pela ajuda recebida de Maria Luisa. “A Malu é uma menina muito especial e eu agradeço por sua família ter ensinado valores tão importantes, como a ajuda ao próximo”, conta.
Cada metro de pano, elástico e plástico cristal somados custam em média R$ 35 e são suficientes para a produção média de 11 máscaras. Priscila acredita que, com a doação dos itens, a produção das máscaras tende a aumentar. “Só não compramos mais metros de material para não comprometer o orçamento mensal. Toda ajuda é bem-vinda”, finaliza.
Fonte: G1