Há 13 anos, José Mário Graciano atua como o ‘bom velhinho’ no interior de São Paulo.
Ficar à disposição para tirar fotos por muitas horas e estar disposto a ouvir os anseios da criançada. Além disso, um Papai Noel precisa se comunicar bem com todos que se aproximam dele.
Dos 69 anos de vida de José Mário Graciano, 13 foram dedicados ao papel natalino nessa época do ano. Certa vez, o ‘bom velhinho’ recebeu a visita de duas crianças surdas. “Duas gêmeas se aproximaram, mas estavam muito tímidas. O pai delas fez um sinal, mostrando que eram surdas e aquilo me comoveu. Por instinto, tentei fazer gestos de um abraço e eles retribuíram. Foi muito especial e pensei que poderia fazer algo para receber melhor esse público”, declarou Papai Noel, que fez um curso básico de Libras na Associação de Apoio ao Deficiente Auditivo (AADA), em São José dos Campos.
Não satisfeito, Graciano passou a manter contato com grupos de jovens da Pastoral do Surdo, se inscreveu no curso de nível intermediário e pesquisa constantemente sobre o tema na internet.
A psicopedagoga da AADA Jussara Alvarenga considera importante a iniciativa de Papai Noel. “As crianças se sentem valorizadas ao perceber que alguém está interessado em conversar com elas. Essa identificação e reconhecimento da língua de sinais aumenta a sensação de inclusão e também desperta outras crianças e jovens que não tinham conhecimento sobre as Libras e podem procurar mais informações”, avalia.
José Mário Graciano atua em São José dos Campos, no Colinas Shopping, das 10h às 16h. O carisma dele também é notório quando algum cadeirante ou pessoa com deficiência o aborda. “Me emociono muito com esse público. É recompensador poder ter esse contato, dizer uma palavra de conforto e compartilhar momentos juntos. Se é bom para eles, é melhor ainda para mim”, relata Graciano.
A inclusão no Natal é comemorada pela gerente de Marketing do estabelecimento, Margarete Sato. “É uma data mágica, que emociona, que resgata o que há de mais bonito nas nossas relações. Ao longo dos anos, percebemos que era preciso expandir essa experiência com o Papai Noel, pois estamos em um shopping, por exemplo, que tem um hotel que recebe estrangeiros em peso durante a semana, muitos deles em viagem com a família”, conta. Para atender esse público, nos horários em que Graciano folga, outro Papai Noel entra em cena. Paulo Hubert do Canto fala inglês e atende, com frequência, filhos de turistas estrangeiros.
Fonte: Estadão