Como identificar e atender da melhor forma um surdocego que aguarda um ônibus no ponto? Para responder a essa e outras questões, e qualificar o atendimento prestado pelo transporte público municipal, uma capacitação será ofertada a motoristas de ônibus nos dias 22 e 29 de novembro.
A ação é uma parceria entre a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), a Secretaria Municipal de Transportes (Setransp) e o Centro de Apoio e Integração do Surdocego Múltiplo Deficiente (Cais), cuja sede, no Jardim Paulistano, receberá a turma de profissionais.
Com um módulo de “Orientação e mobilidade de surdocegos” nesta quarta-feira (22/11), e uma “Oficina de Libras e Libras tátil” no dia 29, o treinamento será oferecido, neste primeiro momento, a cerca de 40 motoristas de ônibus que atuam nas linhas mais utilizadas pelas pessoas atendidas pelo Cais. São elas: 116, 134, 164, 260, 261, 264, 265, 360, 366, 367, 390, 391, 392, 393, 394, 398, 399 e 416. O objetivo é estender, gradativamente, o treinamento aos demais motoristas do transporte público municipal.
Profissionais experimentarão usar ônibus sem enxergar
Para que os motoristas tenham uma experiência próxima da vivência das pessoas com surdocegueira, nesta quarta-feira (22/11), a capacitação incluirá uma simulação com o uso de um ônibus. Com a visão interditada por equipamentos, os profissionais participantes acessarão o transporte para entender os desafios enfrentados por estes usuários.
No mesmo dia, além da atividade, os motoristas aprenderão a identificar e diferenciar as deficiências que afetam a visão. Os surdocegos, por exemplo, usam uma bengala vermelha e branca. Já pessoas com baixa visão utilizam bengalas verdes, enquanto pessoas com perda total de visão, bengalas brancas.
Já no dia 29, os participantes aprenderão uma introdução à língua brasileira de sinais, Libras, para tornar o atendimento aos passageiros com deficiência auditiva mais inclusivo. Na oportunidade, eles serão apresentados a sinais básicos de saudação e despedida, sinais relacionados à direção e ao transporte público, entre outros. Também aprenderão sobre Libras tátil, em que os sinais feitos com as mãos são lidos pelo interlocutor por meio do tato, sendo usada para a comunicação com pessoas com múltiplas deficiências, visual e auditiva.
A ação também promoverá o encontro dos motoristas com os usuários do transporte público que são atendidos pela instituição, para estreitar laços e promover o diálogo, incluindo a prática de conversação a partir das informações aprendidas no treinamento.
O treinamento ocorrerá das 13h às 17h, em ambas as datas, na sede do Cais, no Jardim Paulistano. No dia 22, será conduzido pela professora e orientadora de mobilidade Lilia Gonzaga Cardoso; já no dia 29, será ministrado pela pedagoga e intérprete de Libras Cibele Lona. Ambas atuam no Cais.
Sinalização e transporte tiveram ajuste para a acessibilidade local
Esta não é a única ação realizada pela Emdec para promover melhorias na mobilidade das pessoas surdocegas. Desde março, foi iniciado diálogo entre a empresa e o Cais, que resultou em uma série de intervenções necessárias à mobilidade segura das pessoas com deficiência que frequentam o Centro de Apoio.
Entre elas, a alteração de uma linha do transporte público. A 360 – Proença/Castelo teve o seu itinerário alterado no dia 1º de setembro, para passar pela rua Lino Guedes, no Jardim Paulistano, em frente ao Cais. Três novos pontos por sentido também foram adotados, sendo um deles em frente à instituição, facilitando o embarque e desembarque das pessoas assistidas.
Além disso, entre julho e agosto, a Emdec revitalizou toda a sinalização no entorno do Cais, após diagnóstico que incluiu o entendimento das necessidades e demandas das pessoas surdocegas. Foram implementadas medidas para reforçar a segurança viária da região, como a revitalização da sinalização horizontal e vertical do cruzamento entre as ruas Rosa Lopes e Lino Guedes e a implantação de zebrados e tachões, para induzir a redução de velocidade dos veículos que trafegam no local.
Sete rampas de acessibilidade com piso tátil foram instaladas nas imediações da instituição, facilitando o acesso dos assistidos pela instituição à praça René pena Chaves, para a realização de atividades externas, que incentivam a autonomia. As rampas tiveram o investimento de R$ 104.582,32.
Uma lombada foi implantada na rua Lino Guedes, na altura do número 390, o que permitiu a instalação de uma nova faixa de pedestres no local, também facilitando o acesso à praça.
Na rua Rosa Lopes, duas vagas de estacionamento para pessoas com deficiência foram revitalizadas, com a execução de rampa de acessibilidade. Também foram implantadas sinalizações de trânsito alertando os condutores sobre a presença e travessia de pessoas surdocegas, visando à conscientização; e reforçada a sinalização de regulamentação de velocidade de 30 km/h. Na rua Lino Guedes, perto da travessia de pedestres, a placa de advertência ainda está associada a um semáforo com amarelo piscante, destacando a necessidade de cautela no tráfego local.
Outros cruzamentos tiveram a sinalização revitalizada: entre as ruas Rosa Lopes e Inspetor Joaquim Atensia; Lino Guedes e Serra dos Itatins; Lino Guedes e Bauru; no eixo da rua Lino Guedes, entre a avenida Princesa D’Oeste e rua Bauru; e no eixo da rua Rosa Lopes, entre as ruas Lino Guedes e Inspetor Joaquim Atensia.
As medidas estão em fase de monitoramento e, em caso de identificação de novas necessidades, poderão ser revisadas.
Fonte: EMDEC Setransp