É comum ver e ouvir pessoas se referindo à Libras usando o termo linguagem de sinais ao invés de Língua de Sinais.
Para compreender melhor essa questão precisamos entender que Língua e Linguagem não são sinônimos. Assim, vamos às definições para estruturar os conceitos e facilitar a distinção entre essas duas nomenclaturas.
O termo ‘linguagem’ se refere à capacidade que o ser humano tem de produzir, desenvolver e compreender informações. É através da linguagem que o ser humano compreende e decodifica a língua. Por sua vez, a língua é um veículo de comunicação utilizado para expressar o que é produzido pela linguagem. A língua é um conjunto de elementos organizados e convencionados que viabilizam a comunicação.
Mas e a Libras? É língua ou linguagem de sinais?
É possível entender que língua e linguagem estão entrelaçadas e se relacionam. Portanto, é extremamente importante desmistificar a ideia de que são iguais e compreender com clareza a função de cada uma. Em poucas palavras: a língua tem a função de externar o que a linguagem produz. No entanto, a língua não é a única forma de expressão da linguagem. A arte, por exemplo, é conceituada como linguagem.
A partir do entendimento de que a linguagem é definida como ‘capacidade de produção, desenvolvimento e compreensão’ podemos descartar a possibilidade de a Libras ser linguagem de sinais, visto que ela não se refere à capacidade, mas a um conjunto de elementos organizados que possibilitam a comunicação, sendo assim uma língua.
Mas por que Libras é confundida com linguagem e o português não?
Não é comum ouvir alguém dizer: linguagem portuguesa ao invés de língua portuguesa. Isso acontece em relação à língua de sinais porque ela ainda é pouco disseminada e a sociedade tende a acreditar que uma forma de comunicação que não utiliza a modalidade oral auditiva se relaciona muito mais com a capacidade criativa da comunicação do que com as definições concretas de uma língua. Essa distinção se dá de forma automática, sem grandes conhecimentos, sem necessidade de busca de teoria a respeito de língua e linguagem, simplesmente pelo fato de compreender o que é língua com base na modalidade oral auditiva. Esse desconhecimento termina se manifestando em forma de preconceito linguístico ao se referir a Libras como linguagem de sinais.
A língua de sinais é pautada na modalidade gestual visual
Em função disso, essa língua costuma causar estranhamento e atrair olhares curiosos. Contudo, a Libras é uma língua completa, com estrutura e gramática próprias, tem estudos linguísticos, variações e cumpre a função comunicativa com êxito. O fato de ser uma língua de modalidade gestual visual não a torna menos eficaz do que as línguas orais auditivas, entretanto, as línguas de sinais ainda são facilmente desprivilegiadas. Por terem sido oficialmente reconhecidas há pouco tempo, a comunidade surda ainda tem um longo caminho a percorrer no sentido de levar as informações coerentes acerca de sua língua, lutando pelo direito à acessibilidade comunicativa e mostrando à sociedade que a Libras é apenas uma língua diferente a da portuguesa, mas igualmente eficaz no seu papel comunicativo.
A necessidade de reafirmação de Libras como uma língua é urgente
Precisamos a todo tempo disseminar informações corretas sobre essa língua, a fim de desmistificar as muitas crenças adotadas pela sociedade acerca da língua de sinais. É imprescindível mostrar que essa língua é autônoma e não contribuir com a propagação de informações equivocadas.
Falar sobre Libras é levar conhecimento, é promover cultura e despertar a empatia. Ao passo que a língua se torna corretamente conhecida, a comunidade surda também é conhecida e respeitada.
Agora que você já sabe, dê sua preciosa contribuição curtindo e compartilhando esse texto.
Fonte: SignumWeb