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Igrejas promovem ações para levar a Palavra de Deus a surdos

Desde 2000, a Maranata prepara membros para receber esse público no seio da Igreja e proporcionar o acesso à Palavra de Deus na Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Com a percepção dos benefícios da acessibilidade nas mais diversas áreas, cada vez mais as pessoas com algum tipo de deficiência estão tendo uma vida integrada à sociedade. Instituições de diversos segmentos promovem ações para inserir esse público em rotinas comuns do dia a dia, como trabalho, lazer e, também, oração.

Há mais de 20 anos, a Igreja Maranata deu início a um projeto para incluir os surdos e compartilhar com eles a Palavra do Senhor, iniciativa que merece destaque, especialmente nesta terça-feira (23), quando é celebrado o Dia Nacional de Educação de Surdos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, 5% dos brasileiros são surdos, ou seja, mais de 10 milhões de cidadãos.

“A Maranata começou em 2000 a preparar seus membros para receber os surdos no seio da Igreja, para que eles pudessem ter acesso à Palavra de Deus na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Há iniciativas, inclusive em outros países, como Portugal, onde já é ensinada a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e algumas iniciativas em American Sign Language (ASL), em igrejas americanas”, falou o pastor Marco Antonio Medina, responsável pelo Grupo de Acessibilidade aos Surdos e Surdocegos da Maranata.

De acordo com ele, o Senhor tem abençoado para que a Igreja possa expandir esse trabalho. “Dessa maneira, hoje nós devemos ter aproximadamente 1500 intérpretes em toda a Igreja Cristã Maranata, além de irmãos que, embora não sejam intérpretes, estão habilitados a fazer aquela comunicação básica em Libras, para atender o surdo quando ele chega à Igreja”, explicou.

Oficinas em módulos

Com foco na capacitação, a Maranata oferece aulas de Libras ministradas por membros, tanto ouvintes quanto surdos. “O principal objetivo é fornecer aos membros da igreja a condição de interagir e se comunicar de forma básica na Língua Brasileira de Sinais. Essas oficinas básicas, hoje, são divididas em 12 módulos. E alguns irmãos que demonstram mais interesse e habilidade na linguagem de sinais avançam, fazendo mais dois módulos, com o objetivo de serem intérpretes no seio da Igreja”, falou o pastor Medina.

Medina explicou que esses membros aprendem não só a língua no geral, mas também sinais mais usados na interpretação bíblica e na interpretação de louvores. “Essas oficinas são ministradas primordialmente de forma presencial nas igrejas, por irmãos que já são habilitados, que já são intérpretes, por irmãos surdos também. Temos, também, algumas iniciativas de oficinas de Educação à Distância (EaD), através das ferramentas de rede social, de reunião virtual”, explicou.

Instituto Eduardo Dodd

A Igreja Maranata promove uma grande sinergia entre os cursos de Libras e o Instituto de Ensino Edward Dodd, escola confessional ligada à Igreja e que fica localizada em Vila Velha, na região metropolitana do Espírito Santo. “Ambos compartilham do mesmo propósito de promover a acessibilidade e a inclusão para pessoas surdas e surdocegas. A Igreja Cristã Maranata, em sua abordagem abrangente de acessibilidade, reconhece a importância de incluir a comunidade surda, assim como o Instituto Dodd demonstra sensibilidade ao comemorar datas cívicas e comemorativas relacionadas à acessibilidade para surdos e surdocegos”, disse a secretária-geral da Acessibilidade da Igreja Cristã Maranata e doutora em Educação, Leonice Rocha.

Segundo ela, a parceria reflete o compromisso mútuo entre promover a inclusão e a valorização da comunidade surda, contribuindo para um ambiente mais acolhedor e acessível para todos.

Engrandecedor para os dois lados

A maior satisfação para os educadores, ao atuar com o público surdo, está ligada à capacidade de impactar positivamente a vida de seus alunos, explicou Leonice Rocha.

Segundo ela, ao fazê-lo, eles têm a oportunidade única de contribuir para o desenvolvimento linguístico, cognitivo e emocional desses alunos, além de desempenharem um papel importante na quebra de barreiras. “Que, no caso da Igreja Cristã Maranata, é dar acesso à Palavra de Deus, para que cada um possa fortalecer a sua fé e haja salvação de vidas”.

Leonice ressalta que a possibilidade de ver os alunos superando desafios, adquirindo novos conhecimentos e se expressando plenamente por meio da Língua Brasileira de Sinais traz uma imensa satisfação aos educadores. “Além disso, a troca de experiências e aprendizados culturais proporciona um ambiente enriquecedor para ambos os lados e promove um profundo senso de realização e propósito na prática educacional”, comentou.

A conexão emocional e a construção de laços afetivos com alunos surdos também são, de acordo com ela, fonte significativa de realização para os educadores, pois testemunham diariamente o impacto positivo do trabalho deles na vida desses estudantes.

Dicas para levar a iniciativa para outras igrejas

A ação de oferecer curso de Libras, segundo Rocha, é fundamental para promover a inclusão e a acessibilidade. Algumas dicas importantes para outras igrejas ou entidades que busquem implementar o curso de Libras:

• Engajamento da comunidade surda: deve-se buscar a colaboração e a participação ativa de membros surdos na concepção e no desenvolvimento dos cursos, para que as necessidades e as experiências deles sejam consideradas.

• Professores qualificados: contar com instrutores capacitados em Libras, preferencialmente surdos ou fluentes na língua, para garantir a qualidade do ensino e a compreensão da cultura surda.

• Material didático acessível: disponibilizar material didático em formato acessível, como vídeos com legendas, apostila em Libras e cursos visuais para atender às diferentes formas de aprendizado dos alunos.

• Prática constante: deve se incentivar a prática regular da língua, por meio de atividades interativas e situações reais de comunicação, promovendo, assim, o uso efetivo de Libras.

• Ambiente acolhedor: criar um ambiente inclusivo e acolhedor que valorize a acessibilidade e promova o respeito à cultura surda.

Fonte: Comunhão

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