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Empreendedor surdo deixa emprego em banco e fatura com pizzaria em São Paulo

Leonardo Ulmann, dono da pizzaria Moraze, investiu em delivery e contou com o apoio da comunidade surda para se encorajar durante a pandemia.

“A surdez é uma dificuldade, mas não é uma infelicidade.” A frase é do empreendedor Leonardo Leandro Moreira Ulmann, de 42 anos, dono da pizzaria Moraze, em São Paulo. Desde criança ele sonhava em ter a própria empresa. Quando isso finalmente aconteceu, veio a pandemia do novo coronavírus e o obrigou a fechar as portas, trazendo ainda mais incertezas sobre o futuro.

Enquanto cursava a faculdade de administração de empresas com ênfase em hotelaria, Ulmann estagiou em um hotel e passou por quase todas as posições, exceto recepção. Ao se formar, em 2004, trabalhou na GE por dois anos e depois conseguiu emprego em um banco, onde ficou por mais tempo. Mas avaliou que as oportunidades do mercado de trabalho eram limitadas.

A ideia de abrir uma empresa se tornava mais fixa a cada dia. “Fui contratato em sistema de cotas, mas logo percebi que não teria condições de crescer profissionalmente.” Assim, ele entendeu que deveria criar oportunidades.

A primeira ideia do empreendedor foi abrir um hotel, mas os custos seriam muito altos. Depois de considerar outras opções, resolveu abrir uma pizzaria e foi fazer um curso na área.

Ulmann recebeu apoio emocional e financeiro dos pais para empreender – ele não revela o valor do investimento. O irmão, Bruno Ulmann, e um primo, Diogo Ulmann, entraram como sócios e, assim, nasceu a pizzaria Moraze.

De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (AbraselSP), em 2019 existiam 7.500 pizzarias em São Paulo — ou seja, a concorrência é grande. Mas isso não assusta o empreendedor. “Eu procurei fazer um produto único. Posso garantir que é uma das melhores pizzas de São Paulo. Depois que passar essa pandemia, vai cair no gosto popular”, afirma. Nas redes sociais da empresa, ele posta vídeos de novas receitas que faz no restaurante.

O plano era colocar o negócio de pé ainda no ano passado, mas os sócios só conseguiram abrir as portas em janeiro de 2020. “Inauguramos no início do ano e não esperávamos, de imediato, uma ótima aceitação. Mas a comunidade surda me encorajou e, em pouco tempo, o local se tornou um ponto bastante interessante”, conta.

Com menos de três meses de operação, o empreendedor precisou fechar as portas da Moraze, por conta da pandemia do novo coronavírus. No entanto, ele tem recebido apoio. “A comunidade surda é extraordinária, somos uma tribo com uma grande amizade. Nós gostamos de ver o sucesso do outro, e ajudamos uns aos outros.”

O empreendedor conta que tem trabalhado duro para fidelizar a clientela no delivery durante a pandemia, mas também já pensa em inovações para o negócio. “Estaremos sempre pensando em renovação, atingindo todas as classes e públicos. Não penso apenas na comunidade surda, penso em ter sempre um bom produto para satisfazer a todos os clientes.”

No dia a dia, Ulmann é responsável pelas compras de insumos e pelos controles fiscais. Ele também realiza a organização do local e, quando sobra tempo, faz as embalagens. O empreendedor abre e fecha a pizzaria todos os dias. A parte administrativa cabe aos outros dois sócios, que são advogados. O atendimento ao cliente fica por conta dos três funcionários da casa.

“Apesar da minha dificuldade auditiva, eu tenho uma grande facilidade de comunicação, mas é de uma forma diferente dos ouvintes. Todos nós que somos surdos temos uma grande felicidade, vemos o mundo de uma forma diferente.”

Fonte: Revista Empresas e Negócios

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