Egresso do campus de Aracati é o segundo surdo do Brasil a alcançar essa conquista
Formado pelo IFCE campus de Aracati, o egresso André Luis Abreu Filho foi oficialmente credenciado pelo Ministério do Turismo, tornando-se o primeiro guia de turismo surdo do Ceará e o segundo do Brasil, de acordo com a Embratur. Ele foi credenciado na categoria completa, o que lhe permite atuar no setor do turismo receptivo em níveis regional, nacional e sul-americano.
De acordo com a professora Elsine Carneiro Falcão, do curso técnico de Guia de Turismo do campus de Aracati, além da perspectiva pessoal, a conquista de André tem dimensão coletiva, institucional e, também, social, considerando a perspectiva da comunidade surda. “O recebimento da credencial dada pelo ministério do turismo, na verdade, é a coroação do trabalho de muitas mãos e muitas mentes”, resume ela, lembrando o esforço institucional voltado para o ensino aprendizagem do primeiro aluno surdo na história do curso, iniciado em 2012, tendo enfrentado inclusive os desafios do trabalho letivo no período de pandemia.
A professora salienta que, como a instituição ainda não tinha vivenciado uma experiência desse tipo, esse esforço envolveu “todo um processo não somente de ensino, mas, também, de aprendizagem, para que institucionalmente nós trabalhássemos numa perspectiva mais assertiva em relação à inclusão e à acessibilidade surda”, explica ela.
André se formou no curso técnico de Guia de Turismo em setembro de 2022. A essa conquista logo se somava a superação de um obstáculo para atuar no mercado profissional: a inclusão de seu idioma, a Língua Brasileira de Sinais, no site do Cadastur, o Sistema Nacional de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas que atuam no setor de turismo. No processo, ele contou com suporte do próprio IFCE e da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará.
A despeito dos contratempos em sua trajetória, André Luís reconhece que essas conquistas o tornam um exemplo que pode influenciar outras pessoas com deficiência, a realizarem suas aspirações profissionais: “Eu me sinto privilegiado porque eu sei o quanto foi difícil para mim chegar até aqui (…). Eu me vejo hoje, depois de tudo que passei, como modelo para outros surdos, não só do estado do Ceará, mas de outras regiões (…) Acho que, no futuro, essa profissão vai ser desempenhada por outros surdos, quando verem o protagonismo de outros surdos seguindo essa profissão também”.
Fonte: Instituto Federal de Ceará