Sintep-MT destaca a irregularidade nas vagas de 10% para profissionais PCD’s
O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) reforça a pauta trazida por professores surdos, que denunciam a falsa inclusão profissional no quadro da rede pública de educação do estado.
Dois profissionais surdos, que atuam como intérpretes de Libras, participaram da mobilização nacional em Defesa e Promoção da Escola Pública, realizada dia 23/04, em Cuiabá. Na ocasião cobraram o direito a vagas no quadro técnico para intérpretes de Libras nas escolas e a inclusão também desse cargo, no Concurso Público da Educação.
Apesar de atuarem por três anos como intérpretes de Libras, em escolas estaduais, os dois profissionais perderam as vagas em 2025, para profissionais ouvintes. Segundo eles, o fato de serem surdos, conhecerem os desafios da aprendizagem nas mesmas condições dos estudantes e dominarem a Língua Brasileira de Sinais deveria ser considerado no processo de seleção. Em vez disso, o governo desconsiderou até mesmo o princípio da inclusão e excluindo a possibilidade de valorização do trabalho de pessoas surdas.
Os professores reafirmam que a vivência pessoal como surdos permite uma interpretação mais humanizada das necessidades dos alunos. “Nós não apenas dominamos o alfabeto da língua de sinais. Nós compreendemos as angústias e os desafios da aprendizagem desses estudantes, porque também já fomos alunos surdos em escolas tradicionais”, relata Márcio da Silva Nascimento.
Os interpretes, com licenciatura e especialização, denunciam ainda que a inclusão nas escolas públicas está longe de ser efetiva. Mesmo com intérpretes, os alunos surdos enfrentam dificuldades de interação — tanto com colegas quanto com professores que não dominam Libras.
Além disso, eles apontam que a língua de sinais, embora reconhecida legalmente, segue restrita a um público específico e não está integrada ao currículo escolar de forma ampla, o que limita a inclusão verdadeira nas comunidades escolares.
Para a secretária geral do Sintep-MT e conselheira estadual de Saúde, Maria Luiza Zanirato, está claro que ainda não há um compromisso real com a acessibilidade na educação pública do estado. “Estamos debatendo a pauta de vagas para professores PCDs no Concurso Público, que não atende aos 10% previstos em lei. Também reforçamos a necessidade de ampliar as vagas para os quadros técnicos e apoio educacional”, afirmou a dirigente.
Fonte: Sintep-MT