As inscrições para o curso de Língua Portuguesa na modalidade escrita para surdos, promovido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), podem ser realizadas até 11 de abril. A formação é destinada a professores da rede estadual de ensino que atuam na Educação Especializada em Língua Portuguesa voltada para surdos. São 75 vagas para docentes do interior do Estado e 25 para os da capital, totalizando 100 vagas.
O Instituto Filippo Smaldone, um centro educacional de áudio-comunicação localizado no bairro do Umarizal, em Belém, é referência em todo o Estado, e trabalha com deficientes auditivos há 44 anos. Ana Pacheco é professora há um ano na unidade educacional, e considera trabalhar com a surdez um desafio. “A experiência é fantástica, principalmente, pela troca de conhecimento. É muito bom ver a meta alcançada. O resultado final é sempre surpreendente”, afirma.
A escola atende crianças e adolescentes de 0 a 18 anos. De acordo com a psicóloga da instituição, Ana Maria Oliveira, 95% dos alunos enfrentam em casa dificuldades de comunicação com o grupo familiar. “Os pais precisam aprender pelo menos o básico da Língua Brasileira de Sinais (Libras), para melhorar a relação comunicativa com os filhos”, reitera Ana Maria.
Eric Maciel Pereira nasceu surdo e, além da deficiência, tem problemas motores. Mas depois de um trabalho minucioso dos professores, hoje Eric já consegue desenhar e montar os brinquedos sem muitas dificuldades.
Olhar nos olhos – A coordenadora do programa de inclusão da instituição, Kátia Carneiro, ressalta a importância das estratégias de comunicação com o surdo. “Temos que dar atenção, olhar nos olhos, e até mesmo falar pausadamente, para que ele possa fazer a leitura labial”, explica.
A formação para os professores busca compreender como o contexto bilíngue da pessoa surda configura-se diante da coexistência com a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, a fim de desenvolver habilidades e competências para uma prática pedagógica e avaliativa bilíngüe, voltada à alfabetização.
As vagas estão distribuídas entre 40 municípios e pelas Unidades Seduc na Escola (Uses). Professores oriundos do interior do Pará terão hospedagem, café da manhã, almoço, jantar e passagens financiados pela Seduc, com o apoio do Ministério da Educação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Para os docentes da capital, a Secretaria arcará com os custos do almoço.
O professor Alcides Guimarães se prepara para a disciplina de Libras no curso de Ciências da Religião, ofertado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa). Segundo ele, falta uma atenção maior do professor para com alunos surdos, e também o conhecimento básico de Libras. “É importante que o educador, principalmente o que está em formação, atente para fato. Hoje já existe uma disciplina específica de Libras nas faculdades de licenciatura. Isso já é um grande passo para que essa realidade possa mudar”, afirma.
Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=110326