Bloco inaugurado reflete também o crescimento das atividades da Faculdade de Letras nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e inclusão social.
O curso de Letras- Libras (Língua Brasileira de Sinais), da Universidade Federal de Alagoas comemora mais uma vitória ao inaugurar, na última quinta-feira (12), espaço próprio para o desenvolvimento de suas crescentes atividades acadêmicas e administrativas. Atrelado à Faculdade Letras (Fale), o curso de graduação foi implantado em 2014 com o objetivo geral de produzir e divulgar conhecimento específico de Libras nas áreas de língua, literatura e cultura.
“Este é o maior projeto de inclusão social da Universidade e não apenas pela concretização desse espaço físico, mas por ser um projeto humano e socialmente referenciado, como pauta a nossa gestão. A concretização desse sonho é resultado de um processo de lutas coletivas desde a implantação do curso, resultado do empenho da Faculdade de Letras ao enfrentar o então desafio abraçado por todos os segmentos do curso: alunos, professores e corpo técnico. Podem contar com o apoio da Gestão para os ajustes visando a otimização do espaço das crescentes demandas”, destacou a reitora Valéria, que presidiu a solenidade de inauguração.
Em seus quatro anos de funcionamento, o curso vem desempenhando seu papel de forma dinâmica, a começar pela entrada anual de alunos surdos, por meio de cotas, ao ensino superior gratuito, participação na pós-graduação e pelas inúmeras ações de extensão e de pesquisa em desenvolvimento, conectadas com a inclusão e valorização social. Fruto de um árduo e obstinado trabalho para ampliar, cada vez mais, o alcance de Libras na Ufal e na comunidade.
O discurso do estudante Sérgio José da Silva, traduzido pela intérprete Taciana Grigório, foi um dos momentos marcantes da solenidade, que reforçou a conexão da Ufal com a sociedade no seu compromisso com a inclusão, enquanto instituição de ensino superior pública e gratuita. “O novo prédio é importantíssimo para as ações do curso e o apoio da Ufal é fundamental para a mudança de realidade de surdos e ouvintes”, afirmou, tecendo elogios à luta conjunta para o crescimento do curso. Sérgio é aluno do 7º período de Letras – Libras e representou o seu segmento na solenidade.
A reitora Valéria aproveitou para informar que o Bloco de Libras -Letras, onde foram investidos recursos da ordem de R$ 1,5 milão é a primeira obra construída com recursos do programa federal Viver sem Limites. Ela também destacou o profundo corte no orçamento, que representa atualmente 87% a menos de recursos, mas a gestão dedica esforços para dar prosseguimento à conclusão de obras. “Estamos dando continuidade às obras, este ano mais cinco serão inauguradas e no próximo dia 20 iremos inaugurar alguns espaços físicos do Complexo Esportivo da Ufal”, frisou.
Ao enaltecer a importância do espaço para a comunidade acadêmica e administrativa do curso, o vice-reitor, José Vieira, reforçou que o bloco inaugurado é um projeto piloto e enfatizou: “Observo este momento como renascentista. É necessário ser culto, mas demonstrar o acesso ao conhecimento e ao resgate constitui-se como mais importante. É necessário expandir essa conquista e nos ajudem a democratizar essa forma de linguagem na sociedade”, disse dirigindo-se aos participantes da solenidade.
Estiveram presentes as pró-reitoras de Graduação, Sandra Paz, e Estudantil, Silvana Medeiros. Elas parabenizaram reafirmando o compromisso para a otimização e crescimento do curso. “O sentido desse momento são os alunos. Não se faz uma instituição com paredes, mas com o coração e com humanidade. São muitos os desafios atuais no contexto do país e é importante que permaneçamos firmes e fortes”, disse Sandra.
O empenho para tornar a Ufal uma instituição cada dia mais inclusiva foi enfatizada pela pró-reitora Silvana, ao parabenizar a conquista do curso, aproveitando a oportunidade para anunciar a consolidação das cotas na próxima entrada para graduação de mais 71
novos alunos com deficiências.
A consolidação do Bloco de Libras foi também destacado pelo superintendente da Sinfra (Superintendência de infraestrutura), Dilson Ferreira. “Temos uma rotina de trabalho na Ufal, mas afirmo que esse novo espaço tem um diferencial, porque já nasceu inclusivo, devido ao envolvimento da Fale na construção dessa obra. A Sinfra apenas se constituiu como um meio para realizá-lo”, acrescentou.
Luta coletiva
A participação significativa de representantes dos três segmentos da Fale, especialmente do curso de Letras-Libras na solenidade de inauguração, retratou a concretização de um trabalho coletivo contínuo. “É um prazer representar os meus colegas e agradeço a confiança em mim depositada em momento tão especial para todos que viram esse projeto nascer e construído, principalmente, a partir dos pilares humanos”, enfatizou a servidora técnica Catarina Claudino.
A diretora da Fale Rita de Cássia Souto Maior e o vice-diretor José Niraldo de Farias destacaram o momento histórico e o empenho para a ampliação das ações. “A vida nos proporciona contínuos aprendizados e, nesse momento, o que vemos é a consolidação do olhar do ser humano para o próprio ser humano”, disse Niraldo. Rita de Cássia garantiu a parceria para a continuidade do dinamismo das ações apresentando a realização de um curso para o aprendizado de libras direcionado a diretores e técnicos da Faculdade de Letras.
Uma breve retrospectiva com foco no resgate histórico da Fale pautou a fala de Eliana Barbosa, primeira diretora da unidade acadêmica e que enfrentou em sua gestão os desafios para ofertar à sociedade o curso de graduação Letras-Libras. “O trabalho foi árduo e o sucesso desse projeto inclusivo é resultado do diálogo e parceria para as ações coletivas”, enfatizou. Além de Libras (presencial) a Fale tem em funcionamento, nas modalidades presencial e a distância, os cursos de Letras-Português, Letras-Espanhol e Letras-Inglês.
As conquistas obtidas, especialmente nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, com foco na inclusão e desmistificação da surdez e dos avanços existentes na área de pós-graduação, também foram citadas pelo professor e ex-coordenador Jair Barbosa. “Estamos aguardando entre maio e junho o resultado da avaliação do MEC da proposta apresentada à Universidade Aberta do Brasil (UAB), para o bacharelado”, anunciou.
Divisor de águas
O coordenador do curso, Humberto Meira de Araújo, comemorou o novo espaço e disse que a graduação Letras-Libras da Ufal é a primeira no país a possuir um prédio próprio. Essa realidade tem importante contribuição para trazer uma visibilidade do curso. Ele defendeu a oferta da disciplina em todos os espaços acadêmicos da instituição.
Humberto Meira reconhece que ainda está distante de uma posição linguística e humana justa para os que possuem a Libras como primeira língua, mas diz que as oportunidades devem aparecer em todos os âmbitos, cursos e espaços, não apenas no Letras-Libras. “São quatro anos de alicerce que atuam como um divisor de águas dentro da Universidade. Abrimos o caminho para a entrada de alunos surdos no ensino superior, gratuito e de qualidade. Passamos de zero, em 50 anos, para 36 alunos surdos matriculados em graduação e pós-graduação stricto sensu, desde a implantação, em 2014, e com isso ampliamos o alcance da Libras na Universidade, como mais uma língua oficial de produção acadêmica no âmbito da instituição, e na comunidade”, frisa.
O curso de Letras-Libras tem quatro anos de duração, funciona no turno matutino e oferta anualmente, em seu vestibular próprio, 30 vagas. Destas, metade destina-se às pessoas surdas. Segundo Humberto, o bloco possui todos os espaços necessários para a parte administrativa e para a permanência de professores e técnicos (administrativos e tradutores intérpretes de Libras).
Há também espaços previstos para o Centro Acadêmico, laboratório de informática, dois laboratórios de gravação de vídeos, salas de pesquisa e de desenvolvimento de projetos para a comunidade, sala de reuniões, sala de extensão, pós-graduação, entre outros.
O bloco ainda falta ser estruturado com mobília e equipamentos para a rotina das atividades, mas a conquista é considerada pelo coordenador como um importante avanço para o curso. “Continuaremos empenhados para os ajustes, porque vislumbramos um maior alcance dos projetos em andamento, para além da Universidade. Temos gerações de surdos passando por processos de escolarização problemáticos e isso deve ser objeto de investigação e transformação. A Libras tem papel fundamental nesse processo e é determinante para a promoção da autonomia desses sujeitos. Nesse sentido, almejamos cooperar socialmente para o alcance dessas transformações já iniciadas”, concluiu Humberto Meira tecendo elogios à luta coletiva e agradecendo o apoio das gestões da Fale e da Ufal.
Fonte: Universidade Federal de Alagoas