Leo Castilho, multiartista e educador, vai interpretar os shows de Liniker e Ludmilla neste domingo (11)
Durante os shows do fim de semana passado, no Rock in Rio, uma pessoa no palco Sunset roubou a cena. Aos 34 anos, o multiartista Leonardo Castilho traduzia as músicas para quem não pode ouvir.
Próximo às caixas de som, Leo não só traduzia as canções com a Língua Brasileira de Sinais mas também através da dança. Em entrevista ao Terra NÓS, ele contou que atuou por 10 anos como educador no Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde produzia videoguias em Libras para guiar o público pelas exposições. “Isso me influenciou a ampliar os trabalhos de intérprete”, disse.
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Leo se dedicou a aprender a Língua Brasileira de Sinais pela importância de traduzir para pessoas surdas um pouco do universo dos Festivais. “Como muitos surdos não têm acessos a lugares culturais e festivais, foi a partir daí que comecei a aprender de verdade”, diz.
Essa não é a primeira participação do Leo no festival. O seu primeiro trabalho como intérprete no Rock in Rio foi em 2017, onde esteve também no Palco Sunset, interpretando os shows da Liniker e do Baiana System. “Durante a pandemia, interpretei nas lives de Parada do Orgulho em duas edições; fiz Gloria Groove, Luisa Sonza, Pabllo Vittar e Thiaguinho”, relembra.
Leo, que é surdo, durante os dias de evento encontrou outras pessoas surdas curtindo na Cidade do Rock. “Isso é muito importante: dar o acesso para o público, para que eles possam se sentir incluídos e curtir juntos”.
A música e a arte sempre estiveram presentes na vida do multiartista. Aos 10 anos ele fez o seu primeiro trabalho de ator e dançarino e ao mesmo tempo ingressou na escola de dança. “Fiz balé, jazz, contemporânea, dança flamengo e outros”, conta.
O intérprete é também produtor de festas para pessoas surdas, a Vibramão e o Bloco Vibramão, uma experiência onde elas podem curtir músicas altas e com graves. Ele ainda afirmou a importância de ter intérpretes LGBTQIAP+ em shows de artistas que também fazem parte dessa população.
“Por causa de sua cultura, sua vivência, experiência e referências, ajudamos outras pessoas LGBTQIAPN+ a descobrir a sua identidade verdadeira. A performance do intérprete LGBTQIAPN+ mostra o corpo e presença das músicas, e tem que ter traduções significadas”, conclui.
Fonte: Terra