Ao longo de toda a terça-feira (4) a EPG Crispiniano Soares, no Jardim Bom Clima, recebeu a visita do Ministério da Educação (MEC), representada pela consultora Luana Marquezi, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para a realização de estudos subsidiários ao processo de implementação da política de educação bilíngue de surdos no país.
Dentre as instituições de ensino de destaque foram indicadas a citada Escola da Prefeitura de Guarulhos, pioneira na rede pública ao oferecer atendimento com classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores especialistas nessa área que atuam na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
A consultora Luana Marquezi se encantou ao conhecer os alunos e professores das classes bilíngues durante a visita e, principalmente, com a pedagogia aplicada nos estudantes. “É muito interessante saber que Guarulhos tem escolas com classe bilíngue para crianças surdas, principalmente no início do atendimento diferenciado, para bebês surdos. É muito importante que a Libras (Língua Brasileira de Sinais) seja apresentada para crianças desde muito pequenas. Isso é o começo para grandes avanços na educação inclusiva”, comentou.
Além disso, Luana elogiou os professores bilíngues da EPG Crispiniano Soares, que se comunicam muito bem com os alunos por meio da língua de sinais. Ela destacou a importância que as famílias têm na aprendizagem e na comunicação de crianças surdas, com a utilização da Libras como primeira língua de instrução e o português escrito como segunda língua.
“A socialização dos alunos surdos ao conviver com diferentes perfis de surdos e ouvintes dentro do ambiente escolar é fundamental para o desenvolvimento das crianças, afinal, assim é a sociedade. Esse é o caminho, propiciar uma interação em grupo e ver que os jovens não estão sozinhos neste mundo, por isso os pais devem matricular seus filhos nas classes bilíngues”, ressaltou Luana.
A iniciativa do Ministério da Educação em realizar um levantamento de dados sobre a educação de surdos com a colaboração das escolas de São Paulo se deu por ofício, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) e de sua Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos (Dipebs).
O trabalho envolve classes bilíngues de surdos e Centros de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez em funcionamento no país, programas e políticas públicas que visam ao fomento da educação bilíngue de estudantes surdos, surdocegos, com deficiência auditiva sinalizante, surdos com altas habilidades / superdotação e surdos com outras deficiências associadas, que considerem a Língua Brasileira de Sinais a primeira língua e o português na modalidade escrita a segunda.
Políticas públicas de inclusão
Para colaborar com a elaboração do documento orientador foram apresentadas diversas ações e políticas inclusivas adotadas para o avanço na educação e a fim de garantir os direitos dos munícipes surdos da cidade.
Após longos anos, a criação das classes bilíngues na Prefeitura de Guarulhos foi regulamentada pela lei 7.795/2019, um marco importante na educação da cidade que garante os direitos linguísticos dos alunos surdos. Atualmente a rede municipal de ensino conta com três polos: EPGs Crispiniano Soares, Edson Nunes Malecka e Anísio Teixeira. A Prefeitura também retoma atualmente o trabalho com os surdos da Educação de Jovens e Adultos na EPG Dorival Caymmi.
A visita do MEC foi acompanhada pelo coordenador de Programas Educacionais da Secretaria de Educação de Guarulhos, Rafael Miguel, que percorreu todos os espaços da escola e apresentou as classes bilíngues do período da manhã e da tarde para a representante do governo federal.
“Foram muitos desafios até chegar aqui e o município de Guarulhos reconhece, respeita e valoriza as diferenças das pessoas surdas. O departamento pedagógico vem fortalecendo cada vez mais as classes bilíngues da cidade, consolidando a aprendizagem de crianças, jovens e adultos surdos com seus pares e profissionais da educação por meio da língua de sinais com qualidade e respeito a sua cultura, além do trabalho que está sendo desenvolvido com os bebês surdos e suas famílias”, destacou Miguel.
Fonte: Guarulhos Hoje