“Agora eu tenho vários amigos. Hoje eu tenho acesso à comunidade surda, com intérprete, com surdo. A minha vida tem melhorado bastante.” Esse é o depoimento de Wiliane Aguiar Sampaio, de 34 anos, usuária da Central de Interpretação de Libras (CIL). Reativado pela Prefeitura de Vitória da Conquista em 2017, o serviço oferece atendimento especializado a surdos, a deficientes auditivos e a surdos-cegos.
BAHIA – Wiliane é uma das 150 pessoas matriculadas na CIL. Surda desde que nasceu, ela passou a encontrar na Central o apoio necessário de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para acompanhá-la em consultas médicas, atendimentos bancários e outras atividades em que seja necessário o intermédio na comunicação com ouvintes – o que tem sido essencial para consolidar sua independência e socialização. Somente no ano passado, os intérpretes da CIL realizaram mais de 500 atendimentos dessa natureza.
“Vou para uma consulta médica, e o intérprete de Libras vai me ajudar, porque existem muitas barreiras comunicacionais nesses espaços”, conta. Com um marido surdo e dois filhos ouvintes, Wiliane diz que encontra apoio na família, mas prefere frequentar esses ambientes acompanhada por um intérprete, no lugar de um amigo ou membro familiar. Ela explica: “Eles não conhecem a língua de sinais e se comunicam comigo por uma linguagem gestual. Às vezes, eu acredito que eles não reproduzem a minha fala, mas fazem a fala deles.”
Jaqueline França, coordenadora a Central de Libras, também atua como intérprete. Ela destaca, sobretudo, a emoção que é fazer parte de alguns desses momentos, como o acompanhamento de gestantes a consultas médicas: “Ela precisa saber como está o bebê dela, os batimentos cardíacos, se está funcionando normalmente, porque ela não consegue ouvir. Então, quando o médico coloca aquele aparelhozinho na barriga, que mostra os batimentos cardíacos, a gente faz também a tradução em língua de sinais: ‘Olha, o coraçãozinho bate rápido, o bebê está com tantos quilos, está desenvolvendo o corpinho.’”
Cursos de capacitação – Além do serviço de intérpretes e instrutor, a CIL oferece cursos de capacitação. Para o público surdo, existem duas modalidades. Uma delas é voltada para quem ainda não é alfabetizado em Libras, permitindo que elas tenham acesso à sua primeira língua. O outro tipo ensina Língua Portuguesa a surdos que já dominam Libras, o que é fundamental para a melhor compreensão de textos e bom desempenho em atividades acadêmicas escritas, concursos e vestibulares, por exemplo.
As qualificações também são estendidas aos ouvintes, que podem ter acesso a cursos de Libras básico e intermediário; e para as pessoas cegas, que também já tiveram oportunidade de aprender a Língua Brasileira de Sinais.
Apoio pedagógico – Além disso, a CIL – por meio do Centro de Capacitação Profissional para Pessoas com Surdez (CAS) – também oferece apoio pedagógico a professores da Rede Municipal de Ensino que trabalham com jovens surdos. Sobre a importância dessa frente de atuação, Jaqueline explica: “Por exemplo, temos algumas crianças surdas que estão na creche, na pré-escola. Elas não têm contato com surdos e também não sabem a língua de sinais. Então como a gente vai educar esses surdos? Como o professor, que não tem muita experiência, vai lidar com esse surdo?”
De acordo com a coordenadora, atualmente há cerca de 30 surdos matriculados nas escolas municipais. Uma das tarefas do CAS é fornecer ferramentas que melhorem o aprendizado desses alunos. “O CAS ele entra em ação, dando apoio pedagógico ao professor que está em sala de aula com essa criança, e também a gente traz essa criança para o convívio e o contato com a comunidade surda”, conta.
Atendimento – Para buscar atendimento da Central de Libras, basta se dirigir à Rede de Atenção e Defesa à Criança e ao Adolescente, localizada na Praça Tancredo Neves, nº 116. O serviço funciona das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (77) 3422-7845 ou pelo e-mail cilvcapmvc@gmail.com.
Fonte: http://www.pmvc.ba.gov.br/central-de-libras-auxilia-na-socializacao-e-independencia-de-pessoas-surdas/