Walker Isaac de Sousa, de 28 anos, estava de folga e foi acionado por uma equipe que atendia ocorrência. Além de se comunicar por Libras, ele tem formação em técnica de prevenção.
O bombeiro da reserva Walker Isaac de Sousa, de 28 anos, foi acionado por uma equipe que estava em atendimento e precisava da ajuda dele para salvar a vida de um homem surdo de 34 anos.
Walker é intérprete de Libras e aproveitava o dia de folga na escola dele, de bombeiros mirins, quando uma viatura foi até o local para buscá-lo. A ocorrência que ele participaria ficava a dez quilômetros de distância dali.
O caso aconteceu na quinta-feira (25), por volta das 15h, e ele foi procurado porque é o único bombeiro em Franca que sabe se comunicar pela língua de sinais.
O homem surdo ameaçava se cortar e se jogar do Viaduto Dona Quita, na Avenida Major Nicácio.
“A gente ficou 46 minutos com ele ali. O tempo que eu cheguei, deu 46 minutos que fiquei conversando com ele. Disse que ele não estava sozinho, que ele estava naquela situação ali, mas eu sei que muita gente ia ajudar ele e se ele precisasse, eu estava ali à disposição”.
Segundo Walker, o homem foi vítima de um golpe na internet e perdeu R$ 5,4 mil.
Agora, o bombeiro quer ajudá-lo a recuperar o dinheiro.
“Eu falei para ele ficar tranquilo, que se confiasse em mim, a gente levanta esse valor. E eu garanto que eu consigo mesmo, a gente vai colocar nas redes sociais. Não precisa ser com muito, pode ser com um pouquinho de cada um, cada um doando um pouco, a gente vai conseguir”.
Bombeiro aprendeu Libras sozinho
Walker estudou Libras por conta própria e revela que sentiu a necessidade de aprender a língua de sinais depois de uma ação do Corpo de Bombeiros em 2018.
“O Bom Prato de Franca estava fazendo um evento e nosso grupo de voluntários foi lá para animar festa. Na hora que a gente estava brincando com o povo, tinha três pessoas mais afastadas da multidão e eram três surdos. Fui conversar com eles e eu e outro bombeiro, a gente chegou à conclusão que um dia ia precisar”.
O g1 entrou em contato com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo para saber se a corporação oferece algum treinamento específico de libras, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Além de ser intérprete de libras, Walker também tem formação na área de abordagem técnica em tentativas de suicídio e procurou o curso depois que a melhor amiga se matou, em janeiro de 2020. Se especializar neste tipo de salvamento, diz o bombeiro, fez a diferença na carreira dele.
“A gente aprende que, primeiro tem de saber os motivos que levaram ele ali, e depois tentar entender os motivos que fariam tirar ele dali”.
Para Walker, participar da ocorrência de quinta-feira é algo que vai ficar marcado na vida dele.
“Estou até agora sem acreditar. Eu sou muito temente a Deus e me sinto muito grato a Ele de ter me colocado ali. E fica o alerta para os profissionais da área da saúde e da segurança pública aprenderem um pouquinho mais ou terem profissionais capacitados dentro das instituições, porque não foi a primeira vez que, eu estando de folga, me chamaram”.
Apesar de ser bombeiro reserva, Walker é frequentemente acionado para ajudar a corporação não só de Franca, mas de outras cidades da região. Ele, inclusive, já participou de ocorrências por meio de chamada de vídeo.
Fonte: G1