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Giovanna Biatriz Reis e Daniel Campanholi se conheceram há quatro anos em uma escola de Votorantim (SP) e deram início a uma amizade que derrubou barreiras.

Como foi o seu primeiro dia de aula na 6ª série? O do surdo Daniel Campanholi começou solitário, mas terminou com o surgimento de uma amizade que derrubou barreiras.

Incomodada por não conseguir se comunicar com o colega de classe que havia acabado de conhecer, Giovanna Biatriz Reis decidiu aprender sozinha a Língua Brasileira de Sinais (Libras) só para que ele não se sentisse isolado.

Hoje, Daniel e Giovanna têm 15 anos, mas se conheceram em 2015, na Escola Estadual “Azarias Mendes”, no Jardim Clarice, em Votorantim (SP).

“Cheguei na sala e me sentei na segunda carteira. Então, o Daniel se sentou na minha frente e eu nunca imaginei que ele mudaria completamente a minha vida. Fiz uma pergunta para o Daniel, mas ele estava de costas e não me respondeu. Fiquei bem chateada, pois pensei que podia ser por ignorância, mas não. Então, a intérprete chegou e começou a sinalizar. Eu nunca tinha visto aquilo na minha vida”, conta a estudante.

Deste dia em diante, Giovanna passou a se aproximar de Daniel. No começo, os dois se comunicavam por meio da escrita ou da intérprete, mas a adolescente sentia que faltava algo e, no mesmo ano, deu início ao estudo de Libras.

“O motivo que eu tive para querer ter uma amizade com o Daniel foi justamente por ele ser diferente. Não sei explicar, algo nele me chamou a atenção e me fez querer me esforçar”, lembra.

Giovanna conta que o pai e a mãe de Daniel também são deficientes auditivos e que o menino nasceu desta forma por conta da genética, mas os pais só descobriram quando ele tinha por volta de 1 ano e meio.

“Eu e o Daniel conversamos sobre tudo: filmes, lugares, ideias, futuro, família, problemas e, claro, adoramos compartilhar nossas alegrias e temos nossas piadinhas internas”, brinca.

Apesar do preconceito que sofre simplesmente por ser diferente, Daniel sabe que encontrou em Giovanna alguém com quem contar sempre que precisar.

O adolescente conversou com o G1 através da amiga.

“Ele disse que achou a minha atitude muito linda e gostou muito. Ele contou que, depois que a gente começou a amizade, o preconceito diminuiu e a lista de amigos dele aumentou. Ele também disse que quer que a nossa amizade dure para o resto da vida. Afinal, somos praticamente irmãos”, traduz Giovanna.

Outro aluno com deficiência auditiva, Victor Alexandre, também foi incorporado à classe de Giovanna e Daniel, que logo o incluíram no grupo.

“Com o Victor foi bem complicado no começo, mas agora ele já está mais calmo”, conta a menina.

Giovanna, Daniel e Victor moram no mesmo bairro: o Vossoroca. Mais tarde, estimulada pelo relacionamento dos três, outra amiga deles também começou a estudar Libras.

Oportunidade de carreira
O primeiro contato de Giovanna com a Língua Brasileira de Sinais foi através da intérprete de Daniel, que a ajudou com noções básicas. Em seguida, ela passou a procurar vídeos sobre o assunto no Youtube e, aos poucos, foi se tornando fluente.

Em 2018, a jovem concluiu dois cursos de Libras à distância e presencialmente. Foi então que ela começou a perceber que o que havia começado como uma atitude simples poderia dar lugar a uma oportunidade de carreira no futuro.

“Não me imagino em outra profissão que não seja a de intérprete de Libras. É o meu sonho e vou seguir com isso, com a ajuda de Deus e dos meus pais.”

Enquanto isso, Giovanna faz o que pode para praticar a inclusão dentro de casa e da escola. Além de ter começado a ensinar Libras para os familiares, ela está planejando começar um curso voluntário entre os colegas de classe. “Afinal, quanto mais pessoas fluentes, melhor será a vivência do Daniel e do Victor no ambiente escolar.”

“Eu sempre usei Libras para inclusão mesmo. Sempre que vejo um surdo, eu gosto de mostrar para ele que eu também sei para ele saber que tem alguém ali que o entende”, completa.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2019/07/20/adolescente-aprende-libras-sozinha-para-se-comunicar-com-amigo-deficiente-auditivo-praticamente-irmaos.ghtml

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