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A importância da acessibilidade dos surdos durante a pandemia

Uma das principais recomendações para a segurança de todos é o uso das máscaras para evitar a contaminação por coronavírus, mas para os surdos, principalmente por conta da leitura labial e o uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), as tradicionais impedem a comunicação.

Neste caso, as transparentes têm sido o grande trunfo para este público. Segundo o tradutor e intérprete de Libras, Luciano Germano, muitas pessoas estão se adaptando com o uso das máscaras. “Minha mãe é surda e não está saindo de casa, mas o surdo que sai e precisa fazer algum serviço, precisa se adaptar. Tem surdo que usa libras e outros que fazem a leitura labial, mas a maioria na Região usa somente a libras, então, de qualquer forma, em ambos os casos a máscara atrapalha.”

Para pessoas que fazem leitura labial, a máscara transparente é uma opção porque permite a visualização da boca. Já para surdos que usam somente a libras, o uso da máscara, mesmo a transparente, impede a comunicação, já que a expressão facial é parte da comunicação de sinais e a máscara tapa metade da face, como explica o tradutor. “Já aconteceu de questionarem uma colega que estava fazendo a interpretação o porquê de todos estarem de máscara na ocasião, menos ela. Aí precisaram explicar sobre a expressão facial, como parte da comunicação de sinais.”

Auriane Pacheco é mãe de Maicow, de 9 anos. Ele é surdo e usa a leitura labial na comunicação. Então, ela viu a ideia das máscaras transparentes e foi atrás da fabricação. “Vi esta ideia no início da pandemia, uma moça que fazia nos EUA, e comecei a procurar alguém que fizesse, porque usando a máscara de pano percebi que meu filho não tinha a mesma percepção”, conta ela.

Auriane diz que teve um pouco de trabalho para achar alguém que pudesse fabricar as máscaras especiais. “Consegui uma costureira que fez as máscaras transparentes e disse que se desse certo com o meu filho eu faria mais. Comprei 50 e fiz doações. Você consegue ver um sorriso de alguém que foi ajudado”, diz ela.

Ela viu de perto a dificuldade das pessoas na hora de se comunicar. “Se meu filho já estava com dificuldade, comecei a pensar no surdo adulto porque não é todo mundo que usa a Libra”, fala Auriane sobre a necessidade de muitos surdos se comunicarem com quem não sabe a linguagem brasileira de sinais.

E se o problema era a máscara ficar embaçada com a respiração e a fala, Auriane diz que a solução foi muito simples. “Fiz um teste em casa, limpo com álcool, coloco detergente líquido e passo um guardanapo. A troca fica igual a da máscara de pano porque fica úmida. A transparente, quando o detergente não está legal, eu troco”, explica a mãe de Maicow.

Fonte: Jornal de Jundiaí

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